De repente, do cortinado onde o canto se sumia, atra sombra se ergueu, indefinida, como a do vulto de homem, quando a lua se encontra no horizonte. Não era sombra do homem, nem de deus, nem de coisa nenhuma conhecida. E, tremulando um pouco, pousou, depois, na grande porta brônzea. Indefinida, informe, vaga, a nenhum deus da Grécia, Caldéia ou Egito pertencia. E na porta ficou imóvel, quieta. Se bem me lembro, a porta a Zoilo amortalhado se antepunha. Faltou-nos a coragem de encarar a visão. Os olhos nos caíam, contemplando sempre a profundez do espelho débano. Eu, Oinos, afinal, do espetro supliquei o nome e o paradeiro. E o espetro disse: Eu sou a Sombra e vivo ao pé das catacumbas de Tolemaida, e na planície tenebrosa que ladeia as turvas águas de Caronte.
edgar allan poe
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