Em criança tirei um pássaro de dentro de uma pequena gaiola. O pássaro não voou. Ficou ali andando aos círculos, aos círculos, aterrorizado com a largueza do mundo e a responsabilidade enorme de ter de sobreviver por si. Quando me libertaram eu senti-me assim. Vagueava pelas ruas sem rumo certo. Também tinha dificuldade em reconhecer as coisas e as pessoas. Aquela cidade já não me pertencia ao meu organismo, era uma prótese.
jose eduardo agualusa