Uma vez levaram-me a uma festa. Estranhei as roupas, as calças com pregas e sem vinco, justas no calcanhar. Os rapazes tinham o cabelo curto e as pastilhas aparadas rente às de uma estupidez sólida, franca e fundamental, que contagiava os outros. Eu não sabia dançar, não conhecia as músicas e nem sequer os músicos. As pessoas olhavam-me de lado –era o que eu julgava, possivelmente nem sequer reparavam em mim –e evitavam conversar sobre a situação política. Mesmo os nossos amigos companheiros estavam mudados. Um disse-me: Olha, o que passou, passou. Foram erros de juventude, paciência, tens que esquecer de tudo isso e começar uma vida nova. Fazes de conta que nada aconteceu.

jose eduardo agualusa

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