Sinto que algo solene há de chegar-me um dia, a morte, por acaso, ou, porventura, o amor? Palideja-me o rosto... o peito meu soluça, e um sagrado tremor os membros me sacode. Sinto que algo sublime me penetra o barro, o barro miserável desta pobre vida. Uma chispa divina brotará da pedra e a púrpura sublime tingirá o farrapo. Sinto que algo solene se aproxima e tremo, e tremo do pavor que ao espírito me esmaga. Mas cumpra-se o destino e dite Deus a sorte. Ajoelhado eu oro, aguardo, e já não falo, para ouvir que palavra me dirá o ABISMO...

amado nervo

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