Quando nos lastimamos dos males do predomínio militar, devíamos advertir primeiro em que as classes, que mais o deploram, são talvez as mais responsáveis por essa calamidade. O militarismo ocupou o lugar deixado, no governo nacional, pela deserção das grandes forças sociais, que abandonaram a direção do país à audácia dos mais arrojados. Ele, o militarismo, não deslocou as influências naturais; não teria elementos para as deslocar. Achou-as fora do seu posto, adormecidas, inertes, resignadas. Se as vastas e poderosas camadas populares, em cujo seio se elabora a consciência, a virtude e a riqueza das nações, não se tivessem retraído completamente, como braço do oceano, que, após uma catástrofe, se despede das plagas, a ditadura da espada não assentaria tão comodamente o seu acampamento nesse território conquistado sem esforço. As resistências que essa opinião tem encontrado são quase individuais. Contudo, ainda não pude conformar-me a ver de braços cruzados essas classes conservadoras, as que representam a propriedade, a riquezae o trabalho, a produção e a riqueza, a paciência e a força.
rui barbosa