Pois se o operário olha para o burguês e vê que ele, em todas as suas atitudes, proclama que a vida do homem acaba neste mundo; e se o burguês para o operário é o homem que sabe, que leu, que estudou; e se é com ele que o operário aprende, é lógico que o operário fique sendo materialista, e deseje também ser um bruto, um gozador, e como não tem recursos, adere a uma doutrina que diz: O céu e o inferno são aqui mesmo, tratemos pois de gozar a vida! A filha do operário, que se prostitui levada no carro elegante do burguesote, foi seduzida primeiro pelo luxo da burguesinha e pela opulência da burguesona. Os homens brutais, que premeditam o assalto às famílias para saciar a sua lascívia, não fazem mais do que imitar de modo violento o rico homem que assaltou habilidosamente a casa do pobre, roubando-lhe a mulher ou desencaminhando-lhe a filha. É que o proletário é uma obra do burguês. O pobre faz-se à imagem e semelhança do rico. Depois, a criatura revolta-se contra o seu próprio criador; nada mais lógico, porque o burguês também se revoltou contra Deus. O burguês é violento? O operário também o será. O burguês é lascivo? O operário copiar-lhe-á a vida. O burguês é comodista, indiferente à pátria? O operário também afirmará que a F&tria é o estômago. O burguês é cosmopolita? O operário é internacionalista. No fundo são a mesma coisa.
plinio salgado
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