O olho da loucura espia-me de um canto, fundo e brilhante, sem cílios, roda na órbita como o prequeté quando faz olho branco, e acompanha com fome (é um olho louco) minha sombra fina que se projeta no assoalho. Só existe esse olho que escuta. Saiu das trevas da masmorra para espiar fixo o raio de luar que estieou minha sombra no chão. A sombra de um homem nu que geme de frio e de fome do Divino. Lambe no assoalho a sombra indefesa e imóvel. É um olho só, fundo, sem cílios. E a sombra é de um homem que não quer morrer, do homem que eu não quero ser... Fujo com o raio de luar enroscado em mim, eu nu, eu puro. E a sombra fica esticada no chão. O olho louco... Os dois... Apenas uma sombra com um olho.
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