Há duas espécies de relógios. A dos que andam sempre mal, sabendo-o, e disso se vangloriando, e a dos que andam sempre bem... exceto quando neles confiamos. A grande ambição de um relógio deste último tipo consiste em nos inspirar confiança, a fim de que por ele nos guiemos para pegar o trem. Semana após semana, mantém a mais perfeita regularidade. Se percebemos alguma diferença entre tal relógio e o sol, chegamos a crer que é o sol, e não o relógio, que necessita de reparos. Apoiando-nos em tão ingénua confiança, reunimos certa manhã toda a família à porta de entrada, beijamos as crianças, puxamos carinhosamente o nariz do caçulinha, prometemos que de nada nos esqueceremos, dizemos adeus pela última vez, com o guarda-chuva, e vamos à estação... para ali chegar tarde.
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