Em outros tempos, só uma propriedade era conhecida: a da terra; surgiu outra: a da indústria, em guerra atualmente com a primeira; depois veio uma terceira: a que origina os enormes encargos arrecadados dos administrados e que, distribuídas pelas mãos neutras e imparciais do governo, podem garantir o monopólio das outras duas, servir-lhes da intermediária e impedir-lhes que cheguem a combater-se. E, contudo, por não ter querido reconhecer esta grande revolução da propriedade, por obstinar-se em cerrar os olhos a tais verdades, cometeram-se grandes tolices, expondo-se a tantas emoções! O mundo experimentou um grande abalo e procura alicerçar-se. Eis em duas palavras a chave da agitação universal que nos atormenta. Carregaram mal o navio, transportaram o lastro da proa para a popa, e a isso são devidas as furiosas oscilações que podem ocasionar o naufrágio na primeira borrasca, se se obstinarem em querer manobrá-lo, como de ordinário, sem ter obtido novo equilíbrio.