De bustos e estátuas não sou lá grande entusiasta. Essa petrl-ficação ou mineralização de um vulto humano me fala à alma. Um homem em metal ou pedra me parece duas vezes morto. Muito pode valer a estátua pelo merecimento de obra-prima. Mas então o seu lugar adequado será o museu. Perdido nos salões das bibliotecas, ou isolado, entre a multidão, no vazio das praças, a mim se me afigura uma espécie de consagração do esquecimento. Liquidada assim, por uma vez, com o estatuado a conta da sua admiração, os contemporâneos descansam no sentimento de uma dívida extinta.
rui barbosa