A Tarde morre suavemente, como um poeta... E, estendendo no céu a mão longa e nervosa, desfolha a flor do dia em nuvens cor-de-rosa... Há uma virgem chorando em cada lírio, inquieta... Uma asa tonta risca o espaço, silenciosa. O lago de cristal tem uma dor secreta, e uma folha, que tomba, enruga-lhe medrosa, como a fronte de um velho, a superfície quieta. Alguém chora outro alguém sobre o musgo de um banco. No ar parado perpassa uma ânsia de violinos, de perguntas de amor que ficam sem respostas... E a Tarde, em seu caixão de virgem, todo branco, passa, lânguida e morta... E, pela voz dos sinos, todas as torres vão rezando de mãos postas...
guilherme de almeida
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