No tumulto da vida contemporânea, em meio à confusão dos espíritos, desnorteados por tão numerosas concepções unilaterais e até pelas variadas e contraditórias significações das palavras, o Homem parece haver perdido a noção de si mesmo. E de tal sorte perdeu-a que, mobilizando todo o cabedal da sua cultura e da sua experiência histórica, e dando-se conta dos seus anseios perturbadores, ao tentar exprimir, numa Carta de Direitos, o que pretende para si, esquece-se do principal, que é definir-se a si próprio, partir de uma noção clara da sua natureza, da sua origem e da sua finalidade. O homem já não sabe dizer quem é e porque é.

plinio salgado

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