Direi, apenas, que a verdade é uma força nascida em qualquer parte e que, atravessando corações e espíritos, se projeta nos documentos e livros; é uma força que agita os tribunais e parlamentos, constrói e reconstrói estados, derruba e varre poderes; é uma força que penetra, invisível, nos templos, alcança os campanários, ganha espaços inatingíveis e, em pleno zénite, domina os paramos indevassáveis. Eis a verdade. Nada lhe impede o surto, nem o retarda. Não há o que manche a beleza da verdade, sempre alva na pureza da sua cor, inefável sempre na suavidade do seu aroma. Possuindo tal força, ou, melhor direi, usando-a, os oradores se avigo-ram, operando milagres, pelo serpeio, incontido, da sua palavra que, subindo os despenhadeiros e por eles descendo, reboa, lampeja, fulmina.