Se quiseres que eu te mostre um varão verdadeiramente livre, apresentar-te-ei Diógenes. E de que modo chegou ele a ser livre? Destruindo em si tudo quanto o pudesse tornar presa da escravidão; desligado de tudo, completamente isolado, nada possuía. Dava tudo o que lhe pedissem, mas estava fortemente unido aos deuses e a ninguém era inferior em obediência, respeito e submissão para com tal soberania. Estava aí a sua liberdade. Mas, replicas-me, esse exemplo é o de um homem só, a quem nada prendia ao mundo. Queres o exemplo de outro, que não estivesse sozinho? Cito-te, nesse caso, Sócrates, que tinha mulher e filhos e que, no entanto, não era menos livre do que Diógenes, visto que, tal qual Diógenes, havia submetido tudo aos deuses e à obediência devida à lei.